Terça-feira, Fevereiro 20, 2007
Universidade: o PAC da inquietação
Meus amigos: o PAC já chegou à universidade brasileira: o pacote de aceleração do crescimento... da inquietação. Alguns reitores de universidades federais já têm em mãos a minuta de um decreto (!) "reestruturando" a universidade. Imaginem o que pode vir por aí... E o pior: por decreto! Ora, não são esses mesmos que estão aí no poder os que tanto esbravejavam contra o autoritarismo do Poder Executivo em outros governos? Onde fica a "ampla discussão", "na base", ouvindo a "comunidade universitária" etc? No entanto, convenhamos, essa postura não é nenhuma novidade no governo petista. Pregar uma coisa e fazer outra parece ser sua principal característica.
O jornal "O Globo", de 14/02, trouxe matéria intitulada MEC planeja criar 680 mil vagas nas federais. E a reportagem traz alguns pontos surpreendentes, afora esse do pacote de-cima-pra-baixo e antidemocrático (como se dizia antigamente e hoje não mais). É que o MEC resolveu adotar como sua a polêmica proposta do reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro de Almeida Filho, conhecida como "Universidade Nova". A proposta altera de forma radical a estrutura curricular dos cursos de graduação e - embora ainda não seja do pleno conhecimento dos campi - já vem enfrentando reações, por motivações as mais diversas. E, quanto mais for conhecida a proposta, menos consenso haverá em torno dela. Alguém aí quer apostar?
Vejam bem: é senso comum que a universidade brasileira precisa de transformações, e que deve ser reformulada e aperfeiçoada. Tal constatação, no entanto, não autoriza ninguém - muito menos o governo federal - a apostar em aventuras. As linhas gerais da proposta do reitor da UFBA são conhecidas a partir de artigos, declarações e entrevistas do autor, e partem do princípio de que o que está aí não presta e deve ser jogado fora. Uma avaliação exagerada das mazelas da universidade, no meu entendimento de professor e coordenador de curso superior.
Adotar açodadamente o modelo proposto, sem aprofundamento da discussão com os setores envolvidos, sem análise mais detida das implicações - vejam que está se falando em decreto do MEC! - beira a irresponsabilidade. Porque mudanças nesse campo são praticamente um caminho sem retorno. E quem acaba pagando o alto preço por decisões desastradas (ou alopradas) - mais que os estudantes e professores - é a sociedade, a cujo serviço se destinam os profissionais formados pelas instituições.
Diante disso, vamos trazer para o modesto espaço deste blog - agora com maior intensidade - idéias, notícias, opiniões e propostas relativas à educação superior e às mudanças necessárias à universidade brasileira. Estaremos abertos, sem discriminações, ao registro das contribuições recebidas.
O PAC (da inquietação) já produz seus efeitos sobre a universidade. Agora, com um novo condimento: especula-se sobre a provável indicação, para comandar o Ministério da Educação, da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. O que estava apenas em inquietação pode passar a ser suplício... (Mário Araújo Filho)
Universidade: o PAC da inquietação
Meus amigos: o PAC já chegou à universidade brasileira: o pacote de aceleração do crescimento... da inquietação. Alguns reitores de universidades federais já têm em mãos a minuta de um decreto (!) "reestruturando" a universidade. Imaginem o que pode vir por aí... E o pior: por decreto! Ora, não são esses mesmos que estão aí no poder os que tanto esbravejavam contra o autoritarismo do Poder Executivo em outros governos? Onde fica a "ampla discussão", "na base", ouvindo a "comunidade universitária" etc? No entanto, convenhamos, essa postura não é nenhuma novidade no governo petista. Pregar uma coisa e fazer outra parece ser sua principal característica.
O jornal "O Globo", de 14/02, trouxe matéria intitulada MEC planeja criar 680 mil vagas nas federais. E a reportagem traz alguns pontos surpreendentes, afora esse do pacote de-cima-pra-baixo e antidemocrático (como se dizia antigamente e hoje não mais). É que o MEC resolveu adotar como sua a polêmica proposta do reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Monteiro de Almeida Filho, conhecida como "Universidade Nova". A proposta altera de forma radical a estrutura curricular dos cursos de graduação e - embora ainda não seja do pleno conhecimento dos campi - já vem enfrentando reações, por motivações as mais diversas. E, quanto mais for conhecida a proposta, menos consenso haverá em torno dela. Alguém aí quer apostar?
Vejam bem: é senso comum que a universidade brasileira precisa de transformações, e que deve ser reformulada e aperfeiçoada. Tal constatação, no entanto, não autoriza ninguém - muito menos o governo federal - a apostar em aventuras. As linhas gerais da proposta do reitor da UFBA são conhecidas a partir de artigos, declarações e entrevistas do autor, e partem do princípio de que o que está aí não presta e deve ser jogado fora. Uma avaliação exagerada das mazelas da universidade, no meu entendimento de professor e coordenador de curso superior.
Adotar açodadamente o modelo proposto, sem aprofundamento da discussão com os setores envolvidos, sem análise mais detida das implicações - vejam que está se falando em decreto do MEC! - beira a irresponsabilidade. Porque mudanças nesse campo são praticamente um caminho sem retorno. E quem acaba pagando o alto preço por decisões desastradas (ou alopradas) - mais que os estudantes e professores - é a sociedade, a cujo serviço se destinam os profissionais formados pelas instituições.
Diante disso, vamos trazer para o modesto espaço deste blog - agora com maior intensidade - idéias, notícias, opiniões e propostas relativas à educação superior e às mudanças necessárias à universidade brasileira. Estaremos abertos, sem discriminações, ao registro das contribuições recebidas.
O PAC (da inquietação) já produz seus efeitos sobre a universidade. Agora, com um novo condimento: especula-se sobre a provável indicação, para comandar o Ministério da Educação, da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. O que estava apenas em inquietação pode passar a ser suplício... (Mário Araújo Filho)